sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

ARTIGO: O MAL MORA AO LADO!

  Eu, que já havia decidido não mais escrever no blog, ainda que ele não tenha grandes acessos, senti vontade de escrever novamente hoje, tamanha dor que sinto pelos animais que foram envenenados no Neafa e, não faz muito tempo, no Projeto Acolher. Para não expandir ainda mais a minha decepção, desesperança, falta de fé na humanidade, convertendo-as em cólera no meu coração, resolvi escrever.  Ontem, sentada em um restaurante, ao longe vi as manchetes do AL TV 2º edição, mas não pude ouvir. Vi cachorros deitados, um deles tomando soro... meu consciente não quis acreditar que estava acontecendo novamente. Por um instante achei que fosse uma reportagem sobre as castrações feitas pelas protetoras ou que fosse uma retrospectiva sobre o envenenamento no Projeto Acolher. Meu esposo, provavelmente já sabendo do que se tratava, me falou que era uma matéria sobre os protetores que trabalharam no natal e, ao chegar em casa, me proibiu de acessar o Facebook "para aproveitar o restinho do natal". Contudo, quando ele adormeceu, me deparei com a ira da protetora Caroline Correia, a infelicidade de Naíne Teles ao ter que reviver o que sequer teve tempo de cicatrizar no seu coração pela perda dos seus no Acolher, o desabafo de Monique Taciane, a foto do perfil e a revolta da minha comadre e, por fim o luto do Neafa.   Simplesmente fiquei em choque!   Paralisei!   Sem palavras!   Acabei tendo uma noite bastante agitada, pois estava prestes a dormir e a única reação que tive no momento, foi a de trocar também a foto do perfil. Continuo sem ter muito o que dizer, mas concordo com Caroline Correia, quando diz acreditar que o autor do crime no Acolher é o mesmo do Neafa e, talvez, a única saída para termos ao menos um olhar, mesmo que ao avesso, do poder público, seja invadir o réveillon da orla de Ponta Verde, com nossas roupas pretas e faixas de revolta por nossos sofridos animais, pois já que nossos governantes atuam somente onde os turistas vão, como iriam reagir se mostrássemos um dos inúmeros lados podres da nossa cidade?   A escória e a dor em meio a felicidade superficial, que acabará juntamente com o raiar de um novo dia, que se mostra novo só pela presença do sol, porque o planeta Terra continua sendo um dos mais horríveis e menos evoluídos para se viver.  Olho para minhas filhas e dou graças a Deus por elas terem um lar...2014 não poderia sair de nossas vidas sem deixar mais uma marca trágica, não é mesmo? Embora não tenha acontecido diretamente comigo, atingiu-me tanto quanto. Pelo amor imensurável que tenho aos animais, por ter a triste ou feliz capacidade de me colocar e absorver a dor de quem quer que seja (se o fizessem como eu faço, o mundo em que vivemos, certamente, não estaria assim). Quando acreditei que nada mais aconteceria de tão ruim ainda esse ano...   Agora me pergunto: 2014 tem mais cinco dias pela frente. Será que estamos seguros?


Kathyane Brum - 26 de dezembro de 2014

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